quarta-feira, 27 de abril de 2011

Programação do 1º Seminário para Intérpretes de Libras - FENEISSP

1º Seminário para Intérpretes de Libras - FENEISSP

1º SEMINÁRIO DE INTÉRPRETES FENEIS/SP
Fiquei muito impressionada com a organização do evento. O auditório estava repleto de pessoas entre surdos e ouvintes dividindo as atenções do intérprete que sinalizava no palco sempre que um surdo falava e quando era vez de um ouvinte falar, tinha um intérprete de voz.

O 1º Seminário de Intérprete de Libras FENEIS/ SP aconteceu no dia 16,17 e 18 de março de 2001 e conseguiu lotar o auditório da APAE que cedeu o espaço para que este evento se realizasse. A abertura foi muito emocionante tendo início com a tradução do Hino Nacional feita por Sandro dos Santos Pereira, ator surdo.

Em seguida o promotor público, Dr. Lauro Luiz G, Ribeiro, explicou sobre os artigos da Constituição que tratam do problema do deficiente, e defendeu unir todas as leis numa lei única para facilitar. Defendeu a igualdade de direitos do deficiente para que se criem condições para que eles possam disputar um concurso público. Sugeriu também alguns sites de legislação para que todos possam se informar sobre seus direitos.

Em conseqüência de um pequeno atraso do Presidente da FENEIS, Sandro voltou ao palco, para distrair um pouco enquanto esperávamos e fez todo mundo rir interpretando várias piadas sobre deficientes.

Continuando o evento, foi a vez do Presidente da FENEIS, Sr. Antônio Campos de Abreu, que foi muito aplaudido por todos em suas considerações. Explicou que a FENEIS, e quais são seus objetivos. Uma associação filantrópica que atualmente faz projetos perante o governo e outros órgãos e se dedica ao ensino da língua de sinais, questões relacionadas à educação e direitos do surdo.

Com uma agilidade incrível nas mãos, incentivou muito os surdos a estudarem para melhorar a escolaridade, ler para poderem falar sobre conhecimentos gerais e também sobre a própria surdez. Finalizou informando as últimas novidades da participação da ONU no Congresso de Educação que foi realizado na Finlândia, onde discutiram vários temas entre eles a inclusão nas escolas e universidades só para surdos.

Wanda Lamarão, intérprete do RJ falou de suas experiências sendo ouvinte e filha de pais surdos e mencionou a necessidade dos intérpretes evangélicos serem mais abertos.

Depois a psicóloga, professora e intérprete de Libras, Geralda Eustáquia Ferreira representando a FENEI/MG, com muita simpatia falou muito bem sobre a atuação dos intérpretes nas escolas. Citou as três tarefas fundamentais do intérprete - ensinar, educar e desenvolver e sempre ter a capacidade didática de tornar fácil o que é difícil.

Antes do intervalo, Celso Badin, ator surdo interpretou "Discriminação". Pediu que apagassem as luzes do auditório e que somente deixasse a luz do palco, e pediu também para que não fizesse a tradução de voz. Foi um verdadeiro "banho" de interpretação, foi muito aplaudido.

O Coordenador responsável pela FENEIS/SP, Eduardo Sabanovaite, também deu seu recado, falando sobre a importância da Cultura Surda, e do aprendizado da Libras. Em seguida foi aberto para perguntas e houve muita discussão entre ouvintes e surdos sobre o trabalho do intérprete nas igrejas.

Ricardo Sander, coordenador dos intérpretes da FENEIS/RS, iniciou seu discurso pedindo para que as pessoas se levantassem, se alongassem e em seguida abraçassem a pessoa que estivesse do lado, foi com esta "pitada" de calor humano que deu inicio ao seu discurso. Enfatizou muito a ética do profissional intérprete, veja a entrevista que ele concedeu ao Sentidos. (clique aqui)

No último dia, no domingo, Priscila Sabanovaite, universitária surda que se destacou muito nos estudos, ensina Libras em escolas especializadas e é responsável pelo curso avançado de capacitação de intérprete na FENEIS/SP, também foi muito aplaudida. Defendeu a importância de se fazer um curriculum especial para o surdo que entra na faculdade e sobre a questão da inclusão, disse que é preciso que o profissional que vai atuar próximo ao surdo seja competente.

Silvia Sabanovaite, Gerente Administrativa da FENEIS/SP, uma pessoa extremamente dedicada aos estudos, agradeceu a todos pela presença e argumentou a falta de divulgação dos assuntos relacionados ao surdo e também da necessidade das escolas e associações se unirem com um único objetivo.

O Presidente da FENEIS finalizou orientando a todos os surdos para não ficarem nervosos, terem paciência, que somente com calma e disciplina seriam "ouvidos" e compreendidos, pois o surdo depois de tanta luta já conseguiu conquistar o respeito da Secretaria de Educação Especial que desenvolve um trabalho muito importante junto ao MEC.

Por fim. Sandro volta ao palco, desta vez deu um show, interpretando "Barreiras" e conseguiu fazer o auditório todo rir e chorar . Por tudo isso, Parabéns FENEIS!

Na ocasião a Revista Sentidos entrevistou Ricardo Sander

Ricardo Sander
Ricardo - Antonio
Sentidos: O Brasil participa de eventos no exterior, como congressos ou encontros relacionados aos surdos?
Ricardo:
É claro, a FENEIS tem uma preocupação em estar sempre por dentro de tudo e se mostrar presente. O problema é que às vezes não se tem recursos pra se levar um intérprete. Eu mesmo já participei de alguns eventos fora do Brasil, mas através de recursos próprios. Mas sempre tem um surdo representando o Brasil, mesmo que não tenha intérprete.

Sentidos: E sem intérprete com o surdo se comunica, se a língua de sinais não é universal?
Ricardo: O surdo se comunica através do gestuno, uma forma de comunicação baseada em gestos parecidos com mímicas. O problema é que às vezes o surdo prefere não levar um intérprete porque ele não sabe inglês. O que adianta levar, pagar as despesas de um intérprete que não sabe inglês?

Sentidos: O gestuno então facilita a comunicação e interação entre os surdos estrangeiros?
Ricardo:
De certa forma sim, eles conseguem se comunicar um pouco, mas é igual a qualquer estrangeiro tentando aprender uma nova língua. Tentou-se criar o Esperanto, você já ouviu falar?

Sentidos : Não nunca, o que é?
Ricardo:
Esperanto foi uma idéia experimental criada por ouvintes, de uma língua falada que seria a língua universal, mas não sobreviveu porque não tem cultura. A língua deve estar respaldada em cultura, por isso a diferença entre Libras nos diversos estados do Brasil, é como dialeto.

Sentidos: Porque você acha que o tema interprete na igreja gerou tanta polêmica?
Ricardo:
Porque primeiramente o intérprete precisa se policiar, ter auto disciplina e ética acima de tudo. Se você é partidário de idéias políticas, filosóficas, diferentes das minhas, eu devo respeitar, devo ter o pensar crítico, mas nunca posso ser tendencioso. O que acontece com um intérprete religioso é que às vezes em nome da religião ele se recusa a falar de certos temas, o que acaba prejudicando o surdo que não tem nada a ver com a sua religião. O intérprete pode até ir contra as idéias, mas deve ficar imparcial, mesmo em situações difíceis.

Sentidos: Sentidos pelo seu trabalho tem contato com todas as deficiências e percebe que os surdos são os mais fechados, porque?
Ricardo:
Simplesmente pelo problema de comunicação, quando um ouvinte aprende libras essa idéia muda.

Sentidos: O que você acha que falta para o surdo conseguir o que precisa?
Ricardo:
O governo precisa aceitar a questão da importância de se entender e respeitar a língua de sinais; construir uma política educacional só para surdos; os profissionais, médicos, fonoaudiólogos sejam preparados e informados sobre a surdez. A responsabilidade dos pais de encaminhar o surdo o mais cedo possível aos centros e escolas especializadas em ensino da língua de sinais, pois só assim ele vai crescer num ambiente lingüístico correto, pois a criança precisa ter acesso a cultura surda o quanto antes para mais cedo se desenvolver.

Sentidos: Quantos surdos estão fazendo faculdade agora, você sabe?
Ricardo:
Na ULBRA, em Curitiba, até o 1º semestre de 2001, 48 surdos, de diferentes lugares do Brasil, porque lá tem um intérprete no vestibular o que facilita muito.

Sentidos: Então é muito forte essa faculdade?
Ricardo:
A igreja Luterana tem muita força lá e tem ajudado muito. A própria universidade tem o UNES (núcleo de estudos de surdos), e estão sempre articulados para lutar e conseguir o que precisam. Assim como a UFRGS, universidade do RS, tem o NUPPES, que também desenvolve trabalhos deste tipo.

Sentidos: O que você faz atualmente em conjunto com o surdo?
Ricardo:
Atuamente sou intérprete de informática e Pedagogia na ULBRA e quero sempre estar ligado ao mundo do surdo.

Sentidos: Muito obrigado pela entrevista.
Ricardo:
Eu que agradeço e vamos manter contato.

(Fonte Revista Sentidos - Inserida em: 22/3/2001 - Mercado - no link: "veja a entrevista que ele concedeu ao Sentidos")

1º Seminário para Intérpretes de LIBRAS - FENEISSP (16 à 18 de março de 2001)

1º SEMINÁRIO DE INTÉRPRETES FENEIS/SP
Fiquei muito impressionada com a organização do evento. O auditório estava repleto de pessoas entre surdos e ouvintes dividindo as atenções do intérprete que sinalizava no palco sempre que um surdo falava e quando era vez de um ouvinte falar, tinha um intérprete de voz.

O 1º Seminário de Intérprete de Libras FENEIS/ SP aconteceu no dia 16,17 e 18 de março de 2001 e conseguiu lotar o auditório da APAE que cedeu o espaço para que este evento se realizasse. A abertura foi muito emocionante tendo início com a tradução do Hino Nacional feita por Sandro dos Santos Pereira, ator surdo.

Em seguida o promotor público, Dr. Lauro Luiz G, Ribeiro, explicou sobre os artigos da Constituição que tratam do problema do deficiente, e defendeu unir todas as leis numa lei única para facilitar. Defendeu a igualdade de direitos do deficiente para que se criem condições para que eles possam disputar um concurso público. Sugeriu também alguns sites de legislação para que todos possam se informar sobre seus direitos.

Em conseqüência de um pequeno atraso do Presidente da FENEIS, Sandro voltou ao palco, para distrair um pouco enquanto esperávamos e fez todo mundo rir interpretando várias piadas sobre deficientes.

Continuando o evento, foi a vez do Presidente da FENEIS, Sr. Antônio Campos de Abreu, que foi muito aplaudido por todos em suas considerações. Explicou que a FENEIS, e quais são seus objetivos. Uma associação filantrópica que atualmente faz projetos perante o governo e outros órgãos e se dedica ao ensino da língua de sinais, questões relacionadas à educação e direitos do surdo.

Com uma agilidade incrível nas mãos, incentivou muito os surdos a estudarem para melhorar a escolaridade, ler para poderem falar sobre conhecimentos gerais e também sobre a própria surdez. Finalizou informando as últimas novidades da participação da ONU no Congresso de Educação que foi realizado na Finlândia, onde discutiram vários temas entre eles a inclusão nas escolas e universidades só para surdos.

Wanda Lamarão, intérprete do RJ falou de suas experiências sendo ouvinte e filha de pais surdos e mencionou a necessidade dos intérpretes evangélicos serem mais abertos.

Depois a psicóloga, professora e intérprete de Libras, Geralda Eustáquia Ferreira representando a FENEI/MG, com muita simpatia falou muito bem sobre a atuação dos intérpretes nas escolas. Citou as três tarefas fundamentais do intérprete - ensinar, educar e desenvolver e sempre ter a capacidade didática de tornar fácil o que é difícil.

Antes do intervalo, Celso Badin, ator surdo interpretou "Discriminação". Pediu que apagassem as luzes do auditório e que somente deixasse a luz do palco, e pediu também para que não fizesse a tradução de voz. Foi um verdadeiro "banho" de interpretação, foi muito aplaudido.

O Coordenador responsável pela FENEIS/SP, Eduardo Sabanovaite, também deu seu recado, falando sobre a importância da Cultura Surda, e do aprendizado da Libras. Em seguida foi aberto para perguntas e houve muita discussão entre ouvintes e surdos sobre o trabalho do intérprete nas igrejas.

Ricardo Sander, coordenador dos intérpretes da FENEIS/RS, iniciou seu discurso pedindo para que as pessoas se levantassem, se alongassem e em seguida abraçassem a pessoa que estivesse do lado, foi com esta "pitada" de calor humano que deu inicio ao seu discurso. Enfatizou muito a ética do profissional intérprete, veja a entrevista que ele concedeu ao Sentidos. (clique aqui)

No último dia, no domingo, Priscila Sabanovaite, universitária surda que se destacou muito nos estudos, ensina Libras em escolas especializadas e é responsável pelo curso avançado de capacitação de intérprete na FENEIS/SP, também foi muito aplaudida. Defendeu a importância de se fazer um curriculum especial para o surdo que entra na faculdade e sobre a questão da inclusão, disse que é preciso que o profissional que vai atuar próximo ao surdo seja competente.

Silvia Sabanovaite, Gerente Administrativa da FENEIS/SP, uma pessoa extremamente dedicada aos estudos, agradeceu a todos pela presença e argumentou a falta de divulgação dos assuntos relacionados ao surdo e também da necessidade das escolas e associações se unirem com um único objetivo.

O Presidente da FENEIS finalizou orientando a todos os surdos para não ficarem nervosos, terem paciência, que somente com calma e disciplina seriam "ouvidos" e compreendidos, pois o surdo depois de tanta luta já conseguiu conquistar o respeito da Secretaria de Educação Especial que desenvolve um trabalho muito importante junto ao MEC.

Por fim. Sandro volta ao palco, desta vez deu um show, interpretando "Barreiras" e conseguiu fazer o auditório todo rir e chorar . Por tudo isso, Parabéns FENEIS!